O aumento dos diagnósticos de autismo

O aumento dos diagnósticos de autismo

1 a cada 36 crianças norte-americanas são diagnosticadas com autismo. Esses são dados de uma pesquisa conduzida em 2020 pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. O estudo revela um grande salto na quantidade de diagnósticos, quando comparado ao ano de 2000, em que se registrava 1 caso a cada 150 crianças.

Mas por que esse número teve um aumento tão significativo em poucos anos? Não existe uma resposta unânime para esta pergunta, mas neste artigo falaremos sobre a pesquisa e algumas das hipóteses que explicam tal crescimento.

O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?

Segundo a definição do Ministério da Saúde, “o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.”
O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico e os sinais podem ser percebidos desde os primeiros meses de vida, tendo maior prevalência de casos em pessoas do sexo masculino. Mas quais são as causas do transtorno? Estudos não apontam uma causa única, mas uma junção de fatores genéticos e ambientais.

Crescimento dos diagnósticos

Em 2020, o estudo do CDC estimou que 1 a cada 36 crianças menores de 8 anos tenham TEA. Para a pesquisa, foram avaliados os diagnósticos de autismo em diversos centros de saúde, de 11 Estados norte-americanos.

Além de números gerais, o artigo traz algumas outras conclusões interessantes, como a maior incidência em pessoas do sexo masculino. Foi observado que o transtorno é 3,8 vezes mais frequente em meninos, cerca de 4% deles apresentam TEA, enquanto nas meninas esse percentual é de 1%.

Também foi identificada uma prevalência menor de TEA entre crianças brancas do que entre outros grupos raciais e étnicos, como negros e hispânicos, resultado diferente do que já se havia observado em estudos passados.

Além da pesquisa do CDC, outro estudo semelhante, realizado na Universidade de Newcastle, estimou em 2021 que 1 a cada 57 crianças britânicas têm TEA, número significativamente maior do que os registrados anteriormente no Reino Unido.

Apesar dos dados terem sido coletados em outros países, é possível usá-los como referência para falarmos também do autismo no Brasil, “São números que podem ser extrapolados para o mundo inteiro”, explica Alysson Muotri, pesquisador na área de genética na Universidade da Califórnia (EUA).

Isso porque não temos pesquisas brasileiras que trazem estimativas como estas, mesmo pela dificuldade no diagnóstico do transtorno. “É algo precário. Temos poucos profissionais especializados, e descobrir que alguém tem autismo não é tão simples. Não existe um único exame que detecte isso”, comenta Patrícia Braga, professora da Universidade de São Paulo (USP).

Qual é a causa deste crescimento?

Não existe apenas uma resposta certa para essa questão. Por ser um transtorno de difícil diagnóstico, podem existir diversas razões para este crescimento, maior acesso à saúde por parte da população, formação de mais profissionais capacitados para o diagnóstico, aumento da conscientização e do conhecimento sobre o TEA, mudanças nos fatores ambientais, como por exemplo, mais mulheres engravidando após os 35 anos e por aí vai.

“Tem gente que fala que não houve aumento da incidência, e sim do diagnóstico. Outras correntes acreditam que o risco de autismo aumentou, sim. Não há uma resposta. Eu, com 32 anos de formada, nunca vi tantos casos”, comenta Cristiane Cobas, do Hospital Sírio-Libanês.

Neste artigo, quero ressaltar o ponto da conscientização e do conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autista. Isso porque pessoas informadas, sejam elas familiares ou professores, ao perceberem sinais podem procurar um profissional para diagnóstico e tratamento, se for o caso.

Sinais mais comuns em crianças com autismo:

  • Dificuldade de comunicação e atraso na fala;
  • Dificuldade na interação social e em manter contato visual;
  • Comportamentos repetitivos;
  • Sensibilidade ao ambiente (sons, cheiros, luzes etc.);
  • Hiperfoco em algum ou alguns assuntos muito específicos.

 

Esses são apenas alguns dos comportamentos que pessoas com autismo podem apresentar. Lembrando que existem graus diferentes de autismo e, por isso, é importante que o diagnóstico e o tratamento sejam feitos por profissionais especializados.

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