Chamadas de vídeo, sejam estas por motivos de trabalho, lazer, ou para realizar consultas médicas e psicoterapêuticas, têm se tornado cada vez mais comuns durante a pandemia. A adoção desta tecnologia, estranha ainda para muitas pessoas, trouxe novos desafios e regras de comportamento. Nesse contexto, você conhece as regras de etiqueta do mundo virtual? Como estamos nos adaptando a essa nova realidade? Qual a importância da comunicação não-verbal nos encontros on-line?
Analisemos, por exemplo, o comportamento de dar tchauzinho (com as mãos) ao sair de chamadas de vídeo. Jamais faríamos isso saindo de uma reunião presencial, mas na tela tudo parece mais forçado e estático e tentamos compensar isto exagerando nos comportamentos não verbais. Neste sentido, o tchau entraria no lugar de um aperto de mão (no caso de reuniões de trabalho) ou do tradicional beijinho brasileiro (em situações informais).
Ao vivo, existem formas sutis e não tão sutis de encerrar uma interação, tais como fechar um notebook, olhar o relógio, pegar seus pertences ou preparar-se para se levantar. Mas estes mesmos sinais não transparecem em chamadas de vídeo, então as pessoas estão experimentando novos comportamentos, mais adequados às interações virtuais.
Da mesma forma, como é difícil prever quando a pessoa do outro lado da tela vai falar, acabamos gesticulando mais para sinalizar que queremos a palavra ou quando precisamos nos ausentar. Balançar a cabeça diversas vezes também mostra que estamos prestando atenção e compreendendo o que o outro quer dizer. Estas acabam sendo formas de ter um comportamento educado e respeitoso para com o outro, além de ser mais amigável do que simplesmente encerrar a chamada.
Se, ao final de uma reunião, estão todos dando tchau, você sabe que todo mundo está pronto para encerrar a interação e você não corre o risco de, sem querer, desligar na cara de alguém. Esta sensação de completude é uma parte muito importante da comunicação humana e não é à toa que um dos primeiros gestos que bebês aprendem é justamente dar tchau.
Psicólogos também tem relatado outros comportamentos novos por parte de pacientes durante as consultas virtuais, tais como mostrar seus animais de estimação, familiares, objetos pessoais valorizados, ou até fazer um tour com a câmera do celular pela casa. Naturalmente estes comportamentos não seriam possíveis em uma situação normal de atendimento em consultório e, no caso dos familiares, muitos inclusive pedem para conhecer o psicólogo, devido à uma curiosidade natural. Por parte do paciente, estas situações podem ser explicadas como um desejo de reforçar a proximidade e a conexão com o terapeuta, de certa forma perdidas através do vídeo.
Seres humanos desejam relações próximas e estáveis e, durante a pandemia, as pessoas estão tentando a todo custo manter um senso de normalidade, estabilidade e controle. No contexto de várias incertezas dessa fase, temos a escolha de nos comunicarmos melhor, evitando mal-entendidos e conflitos, seja entre colegas de trabalho, familiares ou amigos. Fortalecer vínculos é uma atitude que mantém o seu bem-estar e daqueles que estão próximos (mesmo que no ambiente virtual).