Já ouviu falar em Anuptafobia? O termo é uma palavra híbrida de Grego com Latim* e significa “medo irracional de não encontrar parceiro”. Para estas pessoas, encontrar um namorado(a) ou casar-se não é mais um desejo, e sim uma obsessão.
O transtorno acomete indivíduos entre 30 e 40 anos de idade, de ambos os sexos, mas parece ser mais prevalente em mulheres, devido a fatores sociais e culturais. A Anuptafobia também está correlacionada com depressão, ansiedade, transtornos de vínculo afetivo, baixa autoestima, insegurança, ciúmes e dependência afetiva.
O medo de não encontrar parceiro é compreensível se levarmos em consideração que a sociedade contemporânea estimula constantemente a necessidade de encontrar um companheiro e/ou de ter filhos. Não basta o próprio indivíduo se cobrar por não estar casado/namorando, as pessoas à sua volta também o questionam dos motivos de estar solteiro. No caso das mulheres a situação se agrava, principalmente no Brasil, um país profundamente machista, onde as mulheres são mais respeitadas quando estão acompanhadas de um homem.
Ainda que o termo pejorativo “solteirona” não seja mais usado com tanta frequência, homens solteiros raramente são condenados. A identidade do homem tende a ser construída com base no seu sucesso profissional, enquanto que a idade joga à seu favor (este adquire mais experiência, posição econômica e prestígio). Já a identidade da mulher ainda é fortemente vinculada à ideia da construção de uma família, e o dado de realidade do “relógio biológico” é indiscutível para aquelas que desejam ter filhos.
A Anuptafobia sofre influência não só do entorno social, mas também dos valores familiares aprendidos durante a infância. Se o indivíduo cresce em um ambiente onde casar-se e/ou ter filhos é ensinado como sendo um valor supremo, as chances dele se sentir aquém caso esteja solteiro são muito maiores. Vale lembrar, igualmente, que relacionamentos estáveis não são, necessariamente, saudáveis, nem estão correlacionados com satisfação amorosa.
Indivíduos com Anuptafobia exibem um padrão de ansiedade e obsessão constantes, muitas vezes injustificado, em torno da ideia de encontrar um parceiro. Com frequência apresentam os seguintes sintomas:
No caso de indivíduos com Anuptafobia que estão solteiros no momento:
- Vitimização excessiva por estar solteiro.
- Profundo sentimento de solidão.
- Deixar de lado trabalho, família, amigos ou projetos pessoais, pois o único objetivo que importa na vida é o de encontrar parceiro.
- Insatisfação com qualquer experiência de lazer que não se destine a encontrar um parceiro.
- Tentativas de encontrar parceiros em ambientes inadequados (ex: no trabalho).
- Pedir constantemente a amigos e familiares para ser apresentado a potenciais parceiros.
- Evitação de ambientes ou atividades com grande número de casais.
- Promiscuidade e comportamentos limite (vale tudo para encontrar alguém).
- Divisão de outras pessoas como “sem parceiro” x “com parceiro”.
- Observar constantemente o comportamento de casais e ruminar pensamentos de “como será que conseguiram?”.
- Críticas constantes aos parceiros dos amigos.
- Crença de que estar sozinho é um castigo e de que pessoas solteiras são imaturas, vazias, fracassadas ou defeituosas de alguma forma.
- Perguntar-se o tempo todo “o que há de errado comigo?”.
- Acreditar que casar-se e ter filhos é garantia de felicidade e sentido existencial.
- Esperar por e planejar em detalhes o relacionamento perfeito, casamento, filhos, etc.
No caso de indivíduos com Anuptafobia que estão em relacionamentos amorosos no momento:
- Emendar uma relação na outra, apenas para não ficar sozinho.
- Casar-se rapidamente, sem avaliar a qualidade da relação e suas consequências.
- Fundir-se com os gostos e opiniões do parceiro por medo de ser abandonado.
- Manter relacionamentos nocivos ou violentos por medo de ficar solteiro novamente.
- Incapacidade para desfrutar de atividades sem a companhia do parceiro.
- Necessidade constante de exibir a felicidade do casal para outras pessoas, sobretudo através de postagens em redes sociais.
- Depressão e profundo sentimento de fracasso pessoal no caso de término do relacionamento.
Muitas pessoas (independente da orientação sexual) desejam relações amorosas estáveis onde possam obter afeto, companheirismo, intimidade e amor. O problema aparece quando a vida do indivíduo passa a girar, exclusivamente, em torno deste objetivo. Neste caso, a pessoa pode tornar-se tão desagradável e desinteressante que ela acaba afastando amigos e familiares e pode provocar, justamente, o que ela mais teme: ficar sozinha.
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*O termo “Anuptafobia” é formado pelo prefixo Grego “a” (negação, carência), com o adjetivo latino “nuptialis” (tudo o que está relacionado com casamento) e o vocábulo grego “phobos” (medo).