O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) foi considerado por muito tempo uma condição que só afetava crianças e adolescentes. Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), a constatação de que o transtorno pode permanecer também na fase adulta foi estabelecida apenas nos anos 90. No entanto, ainda é muito comum a associação do TDAH com a infância, o que traz mais desafios para o adulto.
O que é o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade?
O TDAH é um distúrbio neurobiológico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e está ligado a alterações na região frontal do cérebro, responsável pela inibição do comportamento e do controle da atenção. O transtorno costuma ser identificado na infância e na adolescência, e esse diagnóstico precoce ajuda a desenvolver o tratamento adequado para melhorar a qualidade de vida do paciente.
De acordo com a ABDA, o transtorno ocorre em 3 a 5% das crianças, de todas as partes do mundo, e em muitos casos continua na vida adulta.
Quais são os principais sintomas em adultos?
O TDAH na vida adulta costuma desencadear alguns problemas, como falta de organização, dificuldade para manter a concentração, inquietude, descuido ao realizar atividades, além de desregulação emocional, que afeta principalmente a habilidade de interação social. De acordo com a ABDA, “a desregulação emocional pode ser definida como a dificuldade ou inabilidade de lidar com as experiências ou processar as emoções, podendo se manifestar como intensificação excessiva ou como desativação das emoções”.
Segundo a Associação, os sintomas do TDAH no adulto podem ser agrupados em três categorias: baixa inibição, baixo autocontrole e problemas nas funções executivas. A baixa inibição está relacionada à dificuldade de “pensar antes de agir”, o autocontrole às reações em diferentes situações, enquanto a função executiva se refere a questões como atenção e planejamento. Esses sintomas trazem consequências, que se intensificam na vida adulta, podendo ocasionar prejuízos no trabalho, e nas relações sociais e amorosas.
Por que é tão difícil para o adulto?
O fato do TDAH ser associado apenas como um problema infantil já traz grandes obstáculos, isso porque as pessoas que convivem com os portadores do transtorno muitas vezes cobram uma “evolução” ou uma “maturidade” que o indivíduo não é capaz de “entregar”. A impulsividade e a intensidade podem irritar e causar o afastamento de pessoas próximas.
No trabalho, falta de foco, recorrência de erros, baixo rendimento e desorganização podem ser vistos como incompetência, gerando uma instabilidade no ambiente de trabalho. Esses problemas também podem ser observados no ramo acadêmico, atrapalhando o aprendizado e o bom rendimento do aluno. O afastamento e as críticas podem impactar na autoestima dessas pessoas, o que pode desencadear outros transtornos, como ansiedade e depressão.
Como lidar com o TDAH na vida adulta?
Tratamentos e estratégias podem ajudar a passar melhor por todos os obstáculos que o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade impõe. No tratamento, a psicoterapia e os psicofármacos têm um papel fundamental para quem tem o transtorno, ajudando a desenvolver melhores hábitos e comportamentos, e lidar melhor com as emoções.
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é a mais indicada para o tratamento do TDAH, “por ser vista como um conjunto de intervenções relevantes para a regulação emocional, pois inclui orientação e técnicas que colaboram na modificação de comportamento, na estruturação do ambiente, no planejamento de atividades e no manejo de sintomas”.
A TCC pode trazer técnicas de reforço positivo para a melhora de habilidades sociais, autocontrole, comportamento adaptativo social, a fim de diminuir os desafios do dia a dia de quem tem TDAH. Além do tratamento, algumas estratégias podem auxiliar no desenvolvimento de bons hábitos:
- Praticar exercícios físicos: além de trazer benefícios para o corpo, ajuda a aliviar o estresse e gastar as energias dos mais hiperativos;
- Dormir bem e se alimentar corretamente: poucas horas de sono podem aumentar ainda mais a falta de foco e concentração. Além disso, dietas balanceadas, com menos açúcar e carboidratos, podem ajudar na redução dos sintomas;
- Tentar criar uma rotina: defina prioridades, use uma agenda, crie espaços para cada atividade, monte uma rotina e tente segui-la… por mais que seja difícil, ações como essas podem, aos poucos, ajudar a melhorar o dia a dia.
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