O ato de comer envolve questões emocionais e cognitivas, não se trata somente da comida em si, mas do que pensamos ou sentimos ao comê-la. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), cerca de 70 milhões de pessoas são afetadas por algum transtorno alimentar.
Os transtornos alimentares são comportamentos disfuncionais relacionados aos hábitos alimentares. Eles estão ligados a diversos aspectos físicos, sociais e psicológicos, e são marcados por práticas prejudiciais na busca de controlar o peso ou a forma corporal. Esses transtornos geralmente estão ligados à baixa autoestima, insatisfação com a imagem corporal, pressões sociais, entre muitas outras questões.
Em geral, os transtornos alimentares são quadros graves, que geram impacto na qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares, portanto, devem ser tratados com seriedade.
Sinais de Transtornos Alimentares
Mudanças repentinas no comportamento alimentar, preocupação excessiva com o peso, alterações de humor são alguns dos diversos sintomas desencadeados pelos transtornos alimentares. Mesmo se manifestando de maneiras diferentes em cada caso, alguns comportamentos levantam sinais de alerta que podem ser detectados por familiares e amigos.
- Perda de peso repentina ou flutuações no peso
- Prática exagerada de exercícios
- Isolamento social
- Distorção da imagem corporal
- Sentimento de culpa após as refeições
- Dietas radicais e restrições alimentares auto-impostas
- Indução ao vômito ou uso de laxantes
- Perda do desejo sexual
Esses sinais podem também podem variar de acordo com o tipo de Transtorno Alimentar. Dentre os mais comuns estão a anorexia, a bulimia e a compulsão alimentar.
Tipos de Transtornos Alimentares
De acordo com a ABP, a anorexia nervosa e a bulimia apresentam grande incidência entre os jovens. As mulheres são as mais acometidas por esses transtornos, sendo a anorexia a de maior incidência no público de 12 a 17 anos e a bulimia se mostrando mais presente no início da vida adulta.
Segundo especialistas, a anorexia é a condição com uma das maiores taxas de mortalidade entre os transtornos mentais. Esses quadros geralmente começam com uma dieta comum e vão se intensificando até chegar a restrições extremas, grande perda de peso e desnutrição. Na maioria das vezes, acompanham grandes períodos de jejum e distorção da imagem corporal.
Já na bulimia, o paciente costuma ingerir uma grande quantidade de comida num curto período de tempo. Em seguida, se sente culpado e busca uma maneira compensatória para evitar o ganho de peso. Dentre esses “métodos” estão a indução do vômito, o uso de laxantes e diuréticos e, até mesmo, a prática exagerada de exercícios. Diferente da anorexia, os pacientes bulímicos não costumam ser magérrimos, muitos se encontram constantemente acima do peso e insatisfeitos com sua imagem corporal.
A compulsão alimentar também envolve a ingestão de uma quantidade exagerada de comida, mas diferente da bulimia, não há a tentativa de eliminar esses alimentos. Essa ingestão de alimentos ocorre mesmo sem a presença da fome e, geralmente, é motivada por questões emocionais, como crises de ansiedade e estresse. Muitos portadores da compulsão acabam desenvolvendo obesidade grave.
Em todos os casos, a psicoterapia tem um papel fundamental no diagnóstico e tratamento, devendo ser iniciada o mais rápido possível, para evitar maiores prejuízos e até morte.
O papel da psicoterapia no tratamento
A intervenção do psicólogo, em casos de transtornos alimentares, é focada em restaurar a qualidade de vida do paciente. A terapia cognitivo-comportamental é a mais indicada nesses casos e busca, dentre outras coisas, melhorar a relação do paciente com sua imagem corporal, diminuir os episódios de descontrole alimentar, trabalhar a autoestima e a autoconfiança, e ensinar a lidar melhor com as emoções.
Devido ao grande impacto dos transtornos alimentares na saúde física dos portadores, é importante o acompanhamento de outros profissionais da saúde no tratamento. Uma equipe multidisciplinar atuando no caso é fundamental.
O psicólogo pode igualmente atuar junto aos familiares e amigos próximos dos pacientes com transtornos alimentares, que também podem ter sua qualidade de vida afetada pela condição, necessitando de apoio e orientação.
Está passando por isso ou conhece alguém que está? Procure ajuda!